26: Como o centralismo está a matar Lisboa

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PORTUGAL // OPINIÃO

Lisboa é Portugal. Fora de Lisboa não há nada. O país está todo entre a Arcada e S. Bento!” A denúncia foi escrita por Eça de Queirós na sua obra-prima Os Maias. Quase 140 anos depois, mantém uma surpreendente actualidade: retrata uma centralização que não se limita à capital, mas molda toda a narrativa nacional.

Salvo uma modesta resistência do eixo Porto–Braga, as estatísticas são inexoráveis na demonstração de uma macrocefalia centrada na área da capital. É a população, a imigração, o número de empresas, o número de entidades públicas, os salários, o poder de compra – tudo, tudo, tudo.

Sucede que o inevitável aconteceu: a Área Metropolitana de Lisboa está a rebentar pelas costuras, e a qualidade de vida degrada-se a olhos vistos. Todos os dias somos bombardeados com notícias que espelham o caos que se vai instalando, numa marcha imparável que limita o acesso à habitação, à saúde e à educação e que alimenta uma percepção de insegurança, tornando cada vez menos vivível esta magnífica cidade.

É caso para dizer que, em matéria de centralismo, Lisboa veio de vitória em vitória até à derrota final.

A centralização em Portugal não é apenas histórica: é um fenómeno vivo, amplificado por políticas económicas e sociais mal orientadas. O brilho de Lisboa, enquanto centro político, económico, social e cultural, contrasta radicalmente com o declínio das regiões periféricas. Esta condição impede o aproveitamento pleno do potencial nacional, pois o país renunciou à sua riqueza territorial ao concentrar meios e recursos numa só região.

Gerou-se, assim, uma espiral que aprisiona simultaneamente a capital e o interior, silenciosamente aceite e muito difícil de interromper. Os territórios com pouca população têm, naturalmente, poucos votos. E num sistema democrático dominado por ciclos curtos, onde se privilegia a conquista eleitoral imediata, há uma tentação quase estrutural de canalizar o investimento público para onde há mais votos. É um raciocínio frio, mas infelizmente real.

O resultado é dramático: onde há poucos votos, há pouco investimento; onde há pouco investimento, há poucas pessoas; e onde há poucas pessoas, há menos votos ainda. Assim se alimenta uma espiral perversa, da qual só se sairia com coragem política e com pactos de regime que impusessem prioridades estratégicas para lá das lógicas eleitorais de curto prazo.

A vantagem dos pactos de regime é que neutralizam as vantagens eleitorais comparativas. Os partidos – no poder e na oposição – adoptam uma mesma voz sobre uma matéria específica, minimizando ou anulando o risco de penalização diferencial nas urnas. Lamentavelmente, essa não é a tradição no nosso rectângulo lusitano, razão pela qual persistem as velhas patologias – na justiça, na saúde ou… no centralismo.

Um bom exemplo é o plano proposto pelo Governo para a redução progressiva da taxa de IRC. Em vez de o aplicar de forma transversal, poderia ser aproveitada a folga orçamental para introduzir uma curva de redução territorialmente diferenciada – e até disruptiva –, por exemplo oferecendo duas décadas de IRC zero a um conjunto de regiões do interior. Só com medidas deste tipo existirá esperança de interromper uma espiral que nos afecta negativamente a todos, da capital à raia.

Professor catedrático

Diário de Notícias
José Mendes
27.10.2025

- Neste Blogue, escreve-se em Português 🇵🇹 de Portugal, pré-AO.

 

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25: Chuva (por vezes forte e acompanhada de trovoada) coloca todos os distritos sob aviso amarelo na terça-feira

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PORTUGAL // METEOROLOGIA // MAU TEMPO

Os distritos de Faro, Évora, Setúbal e Beja já estarão esta segunda-feira sob aviso amarelo face à previsão de aguaceiros, por vezes fortes e acompanhados de trovoada entre as 12:00 e as 21:00.

Pedro Correia / Global Imagens (Arquivo)

Todos os distritos de Portugal continental vão estar na terça-feira sob aviso amarelo devido à previsão de chuva, por vezes forte e acompanhada de trovoada, informou esta segunda-feira, 27 de Outubro, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Os distritos de Faro, Évora, Setúbal e Beja já estarão esta segunda-feira sob aviso amarelo face à previsão de aguaceiros, por vezes fortes e acompanhados de trovoada entre as 12:00 e as 21:00.

Na terça-feira entre as 12:00 e as 21:00, os 18 distritos do continente vão estar sob aviso amarelo igualmente por causa da chuva, por vezes forte e acompanhada de trovoada.

Também por causa da chuva forte e persistente, e possibilidade de trovoada, a costa sul e as regiões montanhosas da ilha da Madeira vão estar até às 12:00 desta segunda-feira sob aviso amarelo.

O IPMA emitiu também aviso amarelo de vento forte com rajadas até 75 quilómetros por hora para a costa sul da Madeira e até 100 quilómetros por hora para as regiões montanhosas entre as 09:00 e as 18:00 de terça-feira.

Para o grupo central dos Açores (S. Jorge, Faial, Pico, Terceira e Graciosa), o IPMA emitiu aviso amarelo até às 09:00 desta segunda-feira também face às previsões de chuva por vezes forte e acompanhada de trovoada.

O grupo oriental (São Miguel e Santa Maria) está sob aviso amarelo por causa da chuva forte até às 00:00 de terça-feira.

O aviso amarelo, o menos grave de uma escala de três, é emitido sempre que existe uma situação de risco para determinadas actividades dependentes da situação meteorológica.

Diário de Notícias
DN/Lusa
27.10.2025

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24: Dezenas à porta do IHRU desde madrugada para apoios à renda da casa

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PORTUGAL // IHRU // GOVERNO // APOIO ÀS RENDAS

O movimento “Porta-a-Porta” convocou um protesto, junto às instalações do IHRU, para exigir um serviço que dê resposta aos pedidos de apoio à renda, e vão enviar cartas ao Governo.

Maioria de senhorios com rendas congeladas tem mais de 70 anos, mas IHRU impôs candidatura a compensação só por via digital, e extremamente complexa – a ponto de o próprio ministro da Habitação a designar de “dantesca”.
Orlando Almeida/Global Imagens

Dezenas de pessoas esperam esta segunda-feira, 27, desde madrugada, à porta do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), em Lisboa, para conseguirem uma das 20 senhas diárias para atendimento e alguma ajuda para pagar a renda da casa.

O movimento “Porta-a-Porta” convocou para hoje um protesto junto às instalações do IHRU, entre as 07:30 e as 09:30 horas, para exigir um serviço que dê resposta aos pedidos de apoio à renda, e vão enviar cartas à secretária de Estado da Habitação e ao ministro das Infra-estruturas e Habitação, segundo porta-voz do movimento, André Escoval.

“Os problemas vão de norte a sul do País, com cortes nos apoios às rendas e no programa ‘Porta65’ e só há 10 senhas de manhã e 10 senhas à tarde para atendimento presencial, em Lisboa e no Porto. Através da Internet ou do telefone é impossível”, lamentou à Lusa André Escoval.

Diário de Notícias
DN/Lusa
27.10.2025

- Neste Blogue, escreve-se em Português 🇵🇹 de Portugal, pré-AO.

 

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